E passando ao que interessa: hoje vamos falar de um dos assuntos mais polémicos, mais fantásticos, e mais emocionantes de Portugal: O FUTEBOLL! (estava a fazer suspense na esperança que não tivessem lido o título do artigo). Ah! Mas agora vou realmente criar suspense: Vamos falar de uma das partes mais empolgantes do futebol!… Onde se encontra o culminar de toda a emoção!... Onde tudo pode ser uma surpresa! E essa parte é qual?? Obviamente as entrevistas rápidas!
Eu admito que não percebo nada de futebol, mas acho que a opinião é unânime quando afirmo que as entrevistas rápidas são um momento interessantíssimo a todos os níveis! Não só pela sua falta de originalidade, mas também pelos pontapés na gramática ou pelo discurso incrivelmente repetitivo. Acho fascinante aquelas pessoas (como o meu pai) que depois de qualquer jogo, quando os restantes membros familiares querem mudar de canal, dizem: “nãooo deixa ver a entrevista rapidaaa”. Como se já não soubessem o que é que os protagonistas das entrevistas iam dizer!
Eu acredito que para ser jogador de futebol é preciso duas coisas. A menos importante é, como é óbvio, saber jogar à bola. A mais importante é uma disciplina que os jogadores têm nas escolas preparatórias que se chama “Ciências do falar futebolístico”. Nesta disciplina têm um treino intensivo de como falar nas entrevistas rápidas, por exemplo:
Repórter: Então Jogador X o que achou do jogo?
Jogador X: Acho que jogámos bem, esforçámo-nos, e quando nos esforçamos tudo corre bem.
Repórter: Além da sua bela exibição marcou dois golos, o que acha disso?
Jogador X: Tenho-me esforçado, o mister confia em mim e eu também me sinto confiante.
Reparem naquele discurso repetitivo e engonhador irritantemente típico dos jogadores do futebol. Há também aquele pormenor interessante de tratar os treinadores sempre por “Mister”. Bem, e isto foi um exemplo de um jogador ganhador, reparem agora no contrário:
Repórter: A vossa equipa já vai com 3 derrotas consecutivas, o que tem a dizer aos adeptos?
Jogador Y: Acho que demos o nosso melhor… Não marcámos porque não conseguimos concretizar as oportunidades que nos apareceram…. Peço desculpa aos adeptos…
Repórter: E como está o ambiente no núcleo desportivo?
Jogador Y: É claro que estamos tristes… Mas o grupo é unido e agora só temos que levantar a cabeça e pensar no próximo jogo.
Mesmo que a equipa esteja na pior situação possível existe sempre um cromo incrivelmente positivista que diz “Sim! Ainda acreditamos e vamo-nos esforçar!”. E se for o melhor jogador do mundo na entrevista rápida?
Repórter: O que tem a dizer aos adeptos após a derrota?
Melhor jogador do mundo: Perguntem ao mister!!
Sem dúvida a atitude mais correcta, mais educada e mais justa de responder a esta questão. E se isto é assim em português como será em inglês? (http://www.youtube.com/watch?v=Q30eSTkhHxk&feature=related) Descubram vocês.
No fundo este artigo é uma crítica à falta de instrução nos jogadores em Portugal. Não é que eles precisem disso para jogar à bola, mas é triste ver episódios como o que sucedeu no mundial com o Cristiano Ronaldo e o Carlos Queiroz. E atenção que esta falta de “saber falar” não é exclusiva dos jogadores de futebol… É um mal comum na sociedade portuguesa.
E agora vou em paz para o meu túmulo... Até à próxima, se é que isso vai existir!